domingo, 18 de janeiro de 2009

o cardeal e o muçulmano

a frase 'casar com um muçulmano é meter-se num monte de sarilhos que nem alá sabe onde é que acabam!' podia bem ser tirada de um sketch dos nossos queridos 'gatos'. a verdade é que falando no assunto imagino logo o ricardo araújo pereira numa qualquer personagem irónica e carregada de traumas de infância a desbaratar contra tudo e todos.
é de facto vergonhoso, na minha opinião, que uma personalidade como o d. josé policarpo venha com este tipo de afirmações para a praça pública. mas depois da ameaça da transferência da concessão de 'fátima' para o domínio vaticano devido à permissão que deram a dalai lama para ir rezar no santuário.. já nada me espanta no mundo cristão (que deixei há muito de perceber o que significa).
a verdade é que se não me apanham nestas andanças.. nas bandas do islamismo é que não será conceteza!
e, mesmo sem nunca conseguir concordar com as palavras do sr policarpo (que devia procurar preocupar-se com a sua própria casa, cheia de enganos e mal entendidos), consigo concordar que 'cair' numa família islãmica conservadora não deve ser grande almoço.
há cerca de um mês, em conversa com uma amiga islãmica proveniente da indonésia, soube que ela estudou num colégio privado islãmico (apesar de não pertencer a uma família de todo das mais conservadoras) em que para além de ser obrigada a usar as tais vestes (é-lhes permitido apenas mostrar a cara e a palma das mãos) não podia jogar à bola com os rapazes. como ela não 'simpatizava' com nenhuma destas (no meio de outras tantas) por várias vezes foi levada ao reitor por ter sido apanhada a jogar e, pior, com versões de saias até ao joelho. porque como não conseguia jogar decentemente com as vestes fazia versões mais curtas com uma tesoura.
a parte pior (e também motivo para umas quantas visitas à autoridade máxima) era que nas horas de rezar (eles rezam cinco vezes diárias obrigatórias e depois mais umas quantas opcionais) ela utilizava frequentemente a mesma desculpa para não o fazer. pelos vistos a mulher menstruada não é autorizada a rezar (what the fuck? não é este um símbolo de fertilidade e de uma das maravilhas da vida?).
bem, a verdade é que ela lá se desculpava com o assunto. mas eles, não contentes, tinham a brigada de verificação. sim.. elas eram revistadas de algum restício sanguíneo e.. caso não houvessem armas de destruição massissa.. lá iam ao castigo.
acho que o problema é mesmo meu, e não das religiões. eu que tenho 'cá um feitio', segundo a minha mãezinha e que sou 'intolerante nas minhas posições feministas', segundo o bruno.
com a primeira sou realmente obrigada a concordar, embora não de animo leve. mas a segunda chamo-lhe mais defesa dos direitos humanos e da igualdade.
ao menos graças (?) ao sr policarpo fui ler umas coisas sobre o mundo muçulmano, coisa que tinha feito muito pouco até hoje e descobri umas coisas engraçadas..
.'em muitas ocasiões as suas opiniões (da mulher) foram respeitadas e seguidas por se verificarem acertadas e oportunas, mesmo em situações de extrema delicadeza e gravidade'
uau, que queridos, não são?
.'quando falam da mulher, perguntam se ela é 'prometida'. e não é assim que acontecem os casamentos. eu conheci o meu marido aos 14 anos e nós nos apaixonamos. eu fiquei noiva aos 16 e casei aos 18'
que pressa! não fosse o noivo rebentar a qualquer momento..
.'se no alcorão está escrito que o testemunho da mulher vale metade do testemunho do homem, eu acato. não estarei sendo submissa ao homem, mas a deus'
quem é que escreveu o alcorão? terá sido.. um homem, não?
.'o uso do véu não é uma invenção do islão, como muitos podem imaginar. faz parte da religião cristã que a mulher traje o véu, de acordo com a própria bíblia. já no islão a muçulmana cobre todo o corpo com excepção do rosto e das mãos, vestindo uma roupa não apertada e não transparente'
eu então alternaria um dia de pai natal e outro de teletubbi!
.'está no alcorão que toda a mulher muçulmana deveria se cobrir com seus véus porque é mais conveniente para que não sejam molestadas'
mas nunca ninguém no ocidente se lembrou de resolver os problemas de violação? que incompetentes!

1 comentário:

Lek disse...

Bom bebé, acontece que os costumes, tal como a humanidade sofrem evoluções cíclicas. Prova disso é o facto de hoje o homem dispor de ar condicionado e não precisar de caçar para sobreviver. Ora, com as religiões, sejam elas quais forem, a evolução não acompanha os tempos, daí as disparidades e costumes idiotas que subsistem, como as burkas, os véus, os jejuns e mesmo as idas a Fátima a pé.
Sacrifícios da carne o homem fez (e faz) por temor, por receio de represálias divinas.
Não me parece ser o caminho certo para uma melhor espiritualidade. Religião deve ser uma prática que busque conforto e paz interior a troco de devoção.

PS- e ainda queria a minha mãezinha que eu tivesse estudado no seminário ;)