segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Do meu amigo sportinguista, porque um dia a todos calha..

As sestas dos bebés e as resoluções de ano novo

De cada vez que deito a minha filha para fazer a sesta, fico eufórico. De repente, tudo é possível. Durante as próximas duas horas deixo de ser propriedade de um gnomo guinchador e volto a ser dono do meu tempo. Posso fazer o que me apetecer.
Posso ler o jornal. Espera, não! Vou antes acabar um capítulo do livro que comecei a ler há três anos. Ah! Esqueci-me, não posso: está a servir de calço à mesa onde as bonecas tomam o chá. Vou então acabar de ver o filme que foi autoritariamente interrompido por um episódio da Porquinha Peppa. Não, está a dar o Liverpool-Chelsea! Vou visionar bom futebol! Mas televisão é desperdício para este tempo tão precioso. Vou-me dedicar a uma tarefa útil. Se calhar, posso arrumar por cores a gaveta das meias. Talvez arranjar o candeeiro da cozinha (ou melhor, telefonar para um homem que virá arranjar o candeeiro da cozinha). Outra hipótese é eu próprio dormir uma sesta.
As possibilidades são imensas e eu fico assoberbado pela liberdade que me foi concedida. O que fazer? Eu, que tenho perfeitamente definida a minha agenda para o resto da vida (i.e., estar sossegado e, mais tarde, falecer), não consigo decidir o que vou fazer durante as próximas duas horas. Por norma, quando finalmente tomo uma decisão, passaram-se 90 minutos e começo a ficar ansioso. Passo da euforia à angústia mais depressa que um consumidor de drogas recreativas no fim da noite. Em vez de me concentrar no que escolhi fazer, fico de atalaia, à espera de ouvir o choro que marca o fim do idílio. Já não está a ser divertido. Nisto, a criança acorda e deixo de ser dono do meu tempo. O que podia ter feito é agora uma louca quimera. É então que juro a mim mesmo que, na próxima sesta, farei efectivamente coisas, em vez de ficar a pensar sobre que coisas fazer. Comprometo-me e chego inclusivamente a redigir uma lista com prioridades. No dia seguinte, volto a falhar.
É por isso que desde que a minha filha nasceu deixei de fazer resoluções de ano novo. Se passadas apenas 24 horas quebro promessas, não é passados seis meses que as vou andar a cumprir. O dia 1 de Janeiro é como o primeiro minuto da sesta de um bebé: podemos moldar o destino como se fosse plasticina, mas não nos conseguimos decidir sobre a cor da plasticina que queremos usar. E depois temos de limpar a plasticina que está minuciosamente enfiada nas frinchas do soalho da sala, nas ranhuras do leitor de DVD e noutros interstícios de difícil acesso — outra ocupação para me distrair durante a sesta.
Se anotasse cada resolução de ano novo incumprida numa folha A4 e as pusesse todas em fila, dava para dar a volta à Terra. O que, a ver bem, nem é assim grande façanha: se pegasse em todos os exemplos de coisas que as pessoas dizem que dariam a volta à Terra se postas em fila, escrevesse cada um numa folha A4 e as pusesse em fila, também dava para dar a volta ao mundo.

Por José Diogo Quintela, original aqui.

Ps - Ele não é meu amigo, é maneira de dizer.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Se calhar

mais valia fumar uns cigarros.. Um dia destes tiram-me a carta. E o acesso ao Facebook.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Numa relação complicada

Podia ter postado uma das muitas crónicas sobre a co-adopção, assunto que me dá dores de estômago há muito. Não há um meticuloso e moroso processo que analisa os candidatos? Já acompanhei um caso, mais ou menos de perto, e há uma aproximação cuidadosa da criança, preparação do seu espaço na possível futura casa, visitas dos candidatos à instituição e, posteriormente, da criança à casa. Há testes psicológicos, financeiros e por aí fora. E todo este processo foi concebido para seres humanos ou para heterossexuais? Então se a coisa se der e se as pessoas em causa reunirem todas as condições que são exigidas a um heterossexual ou a um casal dos mesmo qual é a questão?

Mas não. Apareceu-me no feed do facebook esta manhã um post da P3 que falava na exposição nas redes sociais a que cada um se permite e eu partilhei-o.
Pois este é um tema de conversa comum. Porque há pessoas que assim que tiram uma foto a postam e tornam pública no mesmo minuto, porque há outras que sabemos que vão (ou já foram) casar-se / ter um filho / divorciar / fazer uma tatuagem / pintar as unhas de gel / comer sushi / adoptar um animal de estimação / comprar um calendário dos bombeiros (o meu pc acabou de apitar com uma notificação relativa a este assunto) / fazer um página sobre fotografia ou bolos / e-por-aí-fora.
E na verdade as desculpas que arranjamos são dadas ao espelho com toda a convicção. A outra é não-sei-o-quê porque posta as unhas a toda a hora ou marca toda a gente nas fotos e eu tinha dito ao chefe que ia trabalhar até tarde e afinal estou na rambóia (azar, não é?). Eu tenho as minhas definições de privacidade, que foram há muito ajustadas porque desisti de criar grupos-com-acesso-a-isto e grupos-com-acesso-àquilo porque o número de amigos engordou, o facebook não ajuda à organização disto e a minha paciência também não. Portanto o caso ficou resolvido com a não partilha de fotos em biquini / bêbeda / dos meus filhos / do meu marido / das minhas gatas (mentira!) nem de informação amorosa ou desamorosa, porque é muita giro quando está tudo bem mas depois se a coisa dá para o torto é uma porra. Já basta o que basta. E para isso tenho o blog que muito menos gente frequenta.

E pronto, a partilha deu azo a comentários e likes que me quiseram dizer mete-te-na-tua-vida-e-caga-lá-no-meu-facebook porque cada um tem a sua verdade e cada um tem um espelho do tamanho que quer para falar para si próprio.

E eu ando mesmo indignada é com as mortes do Meco. Que raio de silêncios e mistérios.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tim Butcher, Rio de sangue

'Eu viajava num país com mais passado que futuro, um lugar onde os ponteiros do relógio não giram para diante, mas para trás.'

sábado, 18 de janeiro de 2014

Deixar de fumar é..

Voltar a comer pastilhas ao fim de não sei quantos anos.

Ficar à espera dos fumadores a toda a hora para entrar em qualquer lado.

Escangalhar a buzina do carro. Apito por tudo e por mais alguma coisinha. Mas cheia de vontade!

Ter faro de Perdigueiro.

Não saber o que fazer às mãos.

Voltar a escrever no blog. Aparentemente.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Um dia

agarro-me à tese e acabo-a em três tempos. Escrever uma tese pode também servir para matar saudades. Do meu avô e de Lisboa.