quarta-feira, 24 de março de 2010

Irena Sendler

Há pessoas assim.





Irena Sendler morreu a 12 de Maio de 2008. Conhecida como ‘o anjo do Gueto de Varsóvia’, foi uma activista dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo contribuído para salvar mais de 2.500 vidas ao levar alimentos, roupas e medicamentos às pessoas barricadas no gueto, com risco da própria vida.

Quando a Alemanha Nazi invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de bem estar social de Varsóvia, que organizava os espaços de refeição comunitários da cidade.
Em 1942, os nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus.
Quando caminhava pelas ruas do gueto, levava uma braçadeira com a estrela de David, como sinal de solidariedade e para não chamar a atenção sobre si própria. Pôs-se rapidamente em contacto com famílias, a quem propôs levar os seus filhos para fora do gueto, não lhes podendo, no entanto, dar garantias de êxito.
Conseguiu, ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto no Verão de 1942, resgatar mais de 2.500 crianças de variados modos: em ambulâncias como vítimas de tifo, sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacas de batatas e até caixões.
Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos de paz e por isso não fica satisfeita só por manter com vida as crianças. Queria que um dia pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, a sua identidade, as suas histórias pessoais e as suas famílias. Concebeu então um arquivo no qual registava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades.
Os nazis souberam dessas actividades e a 20 de Outubro de 1943 Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa de Jesus Misericordioso com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.
Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Foi condenada à morte. Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, gritou-lhe em polaco "Corra!". No dia seguinte Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados. Os membros da Żegota tinham conseguido deter a execução de Irena subornando os alemães, e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.
Em 1944, durante o Levantamento de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os e entregou as notas ao doutor Adolfo Berman, o primeiro presidente do comité de salvação dos judeus sobreviventes. Lamentavelmente, a maior parte das famílias das crianças tinha sido morta nos campos de extermínio nazis.
As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código ‘Jolanta’. Mas anos depois, quando a sua fotografia saiu num jornal depois de ser premiada pelas suas acções humanitárias durante a guerra, um homem contactou-a por telefone e disse-lhe: "Lembro-me da sua cara. Foi você quem me tirou do gueto." E assim começou a receber muitas chamadas e reconhecimentos públicos.
Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel.
Em Novembro de 2003 o presidente da República Aleksander Kwaśniewski, concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polónia: a Ordem da Águia Branca. Irena foi acompanhada pelos seus familiares e por Elżbieta Ficowska, uma das crianças que salvou, que recordava como ‘a menina da colher de prata’.

5 comentários:

Paula disse...

Olá Maria:
Estive a ler o seu post com atenção e só falta mesmo acrescentar que Irena foi proposta a Prémio Novel da Paz o ano transacto. Não foi seleccionada !! Quem o recebeu foi Al Gore, por uns diapositivos sobre Aquecimento Global...!!!
Ao Gore não lhe retiro importância mas , não permitamos que Irena seja esquecida !!
Realmente há POUCAS PESSOAS ASSIM ...!


Beijinho
Paula

Maria disse...

Obrigada Paula

Anónimo disse...

Continuo a achar estranho o facto de apenas em 2007 ter sido reconhecida/homenageada pelo seu próprio país.

Irena Sendler - Mãe das Crianças do Holocausto.

Presto também uma homenagem ás cerca de 20 pessoas que trabalharam com ela - penso que a maioria foram mortas no Gueto enquanto tentavam salvar mais crianças.

Vejam o filme: The Courageous Heart Of Irena Sendler.

Reis disse...

Nao conhecia a historia
Obrigado Maria.

Ps: movie already downloaded

Maria disse...

Tens que me voltar a dar os dados disso para eu ver este :)