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sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Polémica
Interrompo a cadeia de fotos que tenho estado a publicar para partilhar a polémica que se tem estado a gerar à volta de um anúncio de emprego num conhecido googlegroup de Moçambique.
Entre dezenas de e-mails que surgiram em resposta ao anúncio, copio os dois de maior relevo que mostram bem algumas coisas que se vêem mas que não se falam. É uma pena que num paraíso destes, e no século em que estamos, hajam ainda problemas sociais desta escala.
Precisa se:
Arquitecta de nacionalidade portuguesa, recém formada com ou sem estágio completo para trabalhar em Maputo. Oferece se salário compativel com as funções e residência em apartamento partilhado.
Arquitecta de nacionalidade portuguesa, recém formada com ou sem estágio completo para trabalhar em Maputo. Oferece se salário compativel com as funções e residência em apartamento partilhado.
Orlando Mondlane
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Tem a certeza que não é ilegal? Fala como se tivesse conhecimento de
causa.... tipico!
Se não é ilega, então porquê é que ele não dá a cara? Porquê é que não
apresenta a empresa? Não custa nada fazer parte do grupo...basta criar um
email...Diga ao seu irmão para dar a cara pela empresa, e aposto que o
Ministério de Trabalho terá o maior gosto em fazê-lo uma visita.
Caso não saiba, em Moçambique, tal como nos outros países africanos ( e até
em África do Sul, onde implementaram o "Black Empowerment"), que
estão a recuperar do periodo de guerra, colonialismo, etc.., têm leis
proteccionistas (tal como Portugal teve durante muitos anos no início da
constituição).
Em Moçambique, existe uma lei que diz claramente que as empresas em
Moçambique, devem dar prioridade á mão de obra local, e só, caso consiga provar
que não existem mão de obra que consiga corresponder a todos os requisitos
exigidos, aí sim, poderá contratar estrangeiros. O que não é o caso, porque
existem muitos arquitectos moçambicanos, com licenciaturas no estrangeiro
(Brasil, Portugal, UK, etc..) e com experiência.
E essa "desculpa esfarrapada" de que é "pode advir de uma
experiência por nós desconhecida como aldrabice, falta de palavra"..?!..
isso, a meu ver, é um preconceito esterotipada, e que me soa a racismo! Está a
dizer que os arquitectos moçambicanos não são pessoas idoneas?! Sem palavra!?
Oiça, se fosse em Portugal, e um espanhol publica-se um anúncio a
dizer que só recrutamos arquitectos espanhois com ou sem experiência com
as seguintes condições: salários acima da média, com regalias acima do que se
oferece aos portugueses em Portugal, eu gostaria de ver a vossa reação. E lá,
não é ilegal, porque afinal de contas vivem numa comunidade de países, que
assenta na livre circulação de pessoas e bens. Mas aqui é!
Vocês, antes de falarem, deviam conhecer as leis do país que vos acolhe, e
respeitar as pessoas locais. Vocês, com essas atitudes de "Colonialismo
Capitalista" que assenta em lobbys racistas e nacionalistas, só estão a
gerar mal-estar no seio da juventude moçambicana. E esta juventude de que eu
faço parte, não é o mesmo que do tempo dos nossos avôs: esta juventude é
instruida, culta, viajada, orgulhosa.
Respeitem-nos e serão respeitados! Não brinquem com as nossas caras! Não
atirem areia para os olhos!
Orlando!
Humberto Corona
Exmo. senhor Orlando Mondlane:
Deixe-me começar por informá-lo de um facto de que decerto
não tem consciência:
Você é uma besta.
Mais grave do que ser uma besta, é ser uma besta e um
imbecil.
Mas ainda mais grave do que isto, é ser uma besta imbecil
que também é racista e xenófobo, embora você não saiba, nem que é racista, nem
o que é xenófobo.
Desde já uma nota, para lhe poupar trabalho: Já não vivo em
Moçambique, portanto pode pousar o celular, porque nem o seu papá, nem a sua
mãmã, nem o seu padrinho, nem o amigo da imigração, ou da PIC, ou do SISE, me
podem causar qualquer “problema”. Estou fora de alcance, num país realmente
civilizado, onde o medo não impera, nem as pessoas se calam “para não arranjar
makas”.
A sua mensagem é um colar de pérolas de imbecilidades. E
como o discurso do ódio me irrita, principalmente vindo de um atrasado mental
como evidentemente é, decidi fazer-lhe uma análise psico-literária:
O seu texto começa por ter 25 erros, entre ortografia,
sintaxe, concordância e simples construção frásica, que é francamente má. O
que, para uma juventude “instruida” (que leva acento agudo no ‘i’, by the way),
deixa muito a desejar e é, por si só, uma das razões que leva os empresários de
todas as nacionalidades a procurar mão-de-obra estrangeira.
Mas o pior é o tom e o conteúdo.
Do alto da sua arrogante xenofobia, claro que não podia
faltar a arma número um de quem não tem argumentos: a ameaçazinha velada, logo
no segundo parágrafo, do “Ministério do Trabalho”…
Alguém que defende o “Black Empowerment” Sul-Africano, além
de racista, é ignorante. Recrutar pela cor É ERRADO em qualquer parte do mundo,
nunca deu resultados positivos em lado nenhum (basta ler os indicadores
Sul-Africanos para concluir isso) e, mesmo no único país do mundo em que uma
situação aberrante e excepcional como apartheid o poderia ter justificado, está
já a ser revisto.
Moçambique é independente há 37 anos. É preciso ser
completamente imbecil para ainda acreditar
que os problemas actuais do país se devem ao colonialismo. É uma
desculpa conveniente e versátil para justificar a miséria em que vive a maioria
do povo Moçambicano? É.
Mas só para uma “elite” e para os filhos dessa “elite” que,
do alto das suas casas no Sommerschield, na Matola e no Bilene, ao volante dos
seus vários carros de luxo, precisam de um bode expiatório para esconder tudo o
que já roubaram e extorquiram a esse extraordinário povo Moçambicano, que sofre
até hoje.
Outro detalhe: desde 1974, Portugal nunca teve uma lei
proteccionista, nem no início, nem no “durante”, nem no fim da sua
constituição. Senão, não estaria permanentemente a acolher e a apoiar milhares
de Moçambicanos, Angolanos, Cabo-Verdianos e outros. É apenas mais uma das
muitas inverdades com que, dos píncaros da sua acabada estupidez, nos
presenteou o senhor Orlando Mondlane.
As “atitudes de "Colonialismo Capitalista" que
assentam em lobbys racistas e nacionalistas” (talvez um dia alguém consiga
explicar este “assentamento”, mas isso agora não interessa) incluem os milhões
de euros que a União Europeia e Portugal entregam a Moçambique todos os anos?
Ou o facto de metade do vosso orçamento do estado depender de doações do
exterior continua a ser algo que convém não mencionar, dependendo do contexto e
da conveniência?
Falemos do “mal-estar no seio da juventude moçambicana”: de
que juventude estamos a falar?
Da jovem que se levanta às quatro e meia da manhã para
cuidar dos irmãos, que apanha o chapa das 5 no Mixafutene para vir para o
Maputo, que trabalha o dia inteiro, que vai para a Faculdade ao fim da tarde e
que apenas consegue parar para descansar depois da meia-noite? É que essa, eu
respeito - profundamente.
Ou estamos a falar da outra? Aquela que acorda quando lhe
apetece, normalmente “babalaza”, faz a faculdade com uma perna às costas,
porque o carro que o papá deu demora apenas 5 minutos a chegar e porque ninguém
se atreve a chumbá-la, vai para os copos com os amigos dia-sim, dia-não, viaja
só em executiva para fazer compras em Joanesburgo, ou Londres, ou Miami, uma ou
duas vezes por mês, e nunca soube o que é trabalhar para conseguir alguma coisa
na vida, na certeza de que, assim que se formar, tem lugar garantido no
aparelho de estado ou numa das várias empresas da família? É que essa, não é
juventude, é cultura de parasitas. E essa, ninguém respeita nem quer.
O mal-estar na verdadeira juventude moçambicana, não vem dos
anúncios online de recrutamento de estrangeiros, que a maioria nem sequer viu:
vem sim, da profunda desigualdade que sentem na carne todos os dias, dia após
dia. E não são os estrangeiros que se passeiam em verdadeiros comboios de
Mercedes imaculados, ou que transgridem diária e impunemente as próprias leis
desse país.
Existem, de facto, muitos arquitectos moçambicanos, com
licenciaturas no estrangeiro (Brasil, Portugal, UK, etc..) e com experiência.
Aliás, a maioria desses nem vive aí em Moçambique, porque se fartou da total
ausência de meritocracia nesse país. Alguns vivem aqui e são meus amigos. Os
que aí estão, são poucos, e estão empregados.
Já começa a ser hora de chamar os bois pelos nomes e de
assumir a gravidade do crime que se pratica diariamente em Moçambique: o de
desviar para proveito próprio os fundos que deveriam desenvolver e melhorar o
nível do ensino Moçambicano, de forma a melhor preparar o fabuloso capital
humano que existe nesse país. Mas isso não convém, porque um povo realmente
educado e culto é muito mais difícil de controlar.
Portanto, vamos deixar, sim, de atirar areia para os olhos
de toda a gente.
Até porque a maioria já anda de óculos escuros, portanto já
não resulta, só lhe fica mal.
Ah, e caso não tenha ficado claro para o senhor Orlando
Mondlane: você é uma besta.
Humberto Corona!
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
terça-feira, 7 de agosto de 2012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
domingo, 5 de agosto de 2012
sábado, 4 de agosto de 2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Dia 77
Conheço muito boa gente que após, apenas numa manhã, se ter cruzado com um rato na casa-de-banho, feito quinhentos metros na areia às escuras com a bagagem às costas, ter sido enfiada num chapa com a bagagem ao relento, quase se enfaixar numa camiola cheia de vacas ao fim de cinco minutos de uma viagem de três horas, tinha ligado para a TAP e perdido amor a uma boa quantidade de euros. Mas este pôr-do-sol é maravilhoso.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
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