sábado, 6 de abril de 2013

A Pampilhosa da Serra

Quando decidi despedir-me para me dedicar à tese e às outras quinhentas coisas em que estava metida, como parte da decisão passava também por passar algum tempo com o Manuel e com a Alexandrina, que estão cada vez menos para as curvas, explorei a hipótese de me mudar para a Pampilhosa da Serra. Entretanto a oportunidade de me mudar para Moçambique surgiu e a ideia acabou por morrer embrionária.
Mas ainda assim, aos vinte e nove anos eu ponderei mudar-me da capital para a Pampilhosa. Não tinha despesas nem dependentes.
Faz-me confusão a falta de iniciativa para revolver a vida e partir à luta. É inversamente proporcional ao linguarejo diário de que o país está na merda. Pois está.
A Pampilhosa, presumo que as Pampilhosas por esse país à beira-mar plantado, oferece incentivos aos casais que lá tenham filhos. Tem serviços de borla como internet, ginásio e cursos diversos pós-laborais. Tem uma qualidade de vida soberba e alimentos trezentas e cinquentas vezes melhores do que se vende nas grandes cidades. Tem sobretudo terra que nunca mais acaba à espera de quem lhe deite a mão.
A vida não pára.

E ainda assim devo ter muita sorte porque conheço muito pouca gente desempregada, os meus amigos quase todos casam (com tudo o que de baratinho isso implica), todos têm todos carro próprio, fazem férias fora e têm os filhos em colégios privados. E ainda bem!

Sem comentários: