quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Numa relação complicada

Podia ter postado uma das muitas crónicas sobre a co-adopção, assunto que me dá dores de estômago há muito. Não há um meticuloso e moroso processo que analisa os candidatos? Já acompanhei um caso, mais ou menos de perto, e há uma aproximação cuidadosa da criança, preparação do seu espaço na possível futura casa, visitas dos candidatos à instituição e, posteriormente, da criança à casa. Há testes psicológicos, financeiros e por aí fora. E todo este processo foi concebido para seres humanos ou para heterossexuais? Então se a coisa se der e se as pessoas em causa reunirem todas as condições que são exigidas a um heterossexual ou a um casal dos mesmo qual é a questão?

Mas não. Apareceu-me no feed do facebook esta manhã um post da P3 que falava na exposição nas redes sociais a que cada um se permite e eu partilhei-o.
Pois este é um tema de conversa comum. Porque há pessoas que assim que tiram uma foto a postam e tornam pública no mesmo minuto, porque há outras que sabemos que vão (ou já foram) casar-se / ter um filho / divorciar / fazer uma tatuagem / pintar as unhas de gel / comer sushi / adoptar um animal de estimação / comprar um calendário dos bombeiros (o meu pc acabou de apitar com uma notificação relativa a este assunto) / fazer um página sobre fotografia ou bolos / e-por-aí-fora.
E na verdade as desculpas que arranjamos são dadas ao espelho com toda a convicção. A outra é não-sei-o-quê porque posta as unhas a toda a hora ou marca toda a gente nas fotos e eu tinha dito ao chefe que ia trabalhar até tarde e afinal estou na rambóia (azar, não é?). Eu tenho as minhas definições de privacidade, que foram há muito ajustadas porque desisti de criar grupos-com-acesso-a-isto e grupos-com-acesso-àquilo porque o número de amigos engordou, o facebook não ajuda à organização disto e a minha paciência também não. Portanto o caso ficou resolvido com a não partilha de fotos em biquini / bêbeda / dos meus filhos / do meu marido / das minhas gatas (mentira!) nem de informação amorosa ou desamorosa, porque é muita giro quando está tudo bem mas depois se a coisa dá para o torto é uma porra. Já basta o que basta. E para isso tenho o blog que muito menos gente frequenta.

E pronto, a partilha deu azo a comentários e likes que me quiseram dizer mete-te-na-tua-vida-e-caga-lá-no-meu-facebook porque cada um tem a sua verdade e cada um tem um espelho do tamanho que quer para falar para si próprio.

E eu ando mesmo indignada é com as mortes do Meco. Que raio de silêncios e mistérios.

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