E é realmente infindável a pedinchice. Como é que alguém faz contas a ter filhos com o dinheiro do Estado em vez de fazer contas ao seu próprio bolso? Merda dos subsídios e dos abonos e do raio que parta. Só reconhecemos deveres nos bolsos dos outros e direitos nos nossos umbigos.
E sempre para o mesmo lado! Porque é que quem goza de um subsidio de desemprego não pega nas perninhas e vai limpar mato para poupar dinheiro ao país no verão em combates a incêndios? Porque é que quem recebe todos os dias uma sopa em instituições sociais não vai para a horta da instituição de manhã regar couves e plantar batatas para sustentar os custos que têm, diariamente, com a sua barriga. É muito mais fácil (e até dá status) ir para o telejornal, que ontem dedicou a emissão exclusivamente para desgraças, chorar e mostrar casas cheias de humidade.
Espero que a Mafalda saiba também fazer contas de multiplicar por todas as crianças portuguesas, ainda que não sejam em número desejado, e ainda lhes some saúde e educação de borla. Era retirar de todo os abonos e dar incentivos sérios, como isenção fiscal a quem tenha uma boa quantidade de filhos menores e de quem arrisca na vida e gera empregos. Assim sim, falaríamos de incentivos.
Diz Mafalda Santos aqui
Muito se tem falado que o número de
nascimentos em Portugal tem sofrido um decréscimo palpável e que,
atualmente, apresenta o seu valor mais baixo de sempre - histórico,
dizem as manchetes - em que o número de óbitos é superior ao número de
nascimentos no país. No ano passado, entre Janeiro e Outubro de 2013,
houve mais 18.232 mortes do que nascimentos, com um registo de apenas
82.538 crianças, o que não deixa de ser grave. Somos um país de velhos,
sem renovação da população ativa que permita, de futuro, reerguer a
economia, o mercado de trabalho, a segurança social, ou que,
tão-somente, dê sentido à escola pública para continuar a existir, ou a
tantas escolas primárias fechadas um pouco por todo o interior de
Portugal.
Recentemente, o tema da não renovação da população e
da baixa natalidade tem sido alvo de grande atenção por parte da classe
política nacional, levando Pedro Passos Coelho, no último congresso do
PSD, em Fevereiro, a anunciar que iria ser constituída uma comissão
multidisciplinar, para, em três meses, se preparar um plano de ação que
permita meter Portugal a procriar, já que - ao que parece - nos
recusamos a fazê-lo.
Como filha única e mãe de uma única criança, convido o
nosso governo a começar por olhar para algo tão simples como o abono de
família que é, neste momento, facultado a quem nasce neste país. Claro
que, para se ter direito ao mesmo, convém que tenhamos um esparso e
mísero rendimento mensal, porque se ultrapassar o subsídio mínimo
nacional, o mais provável é nos ser negado, por o valor do rendimento do
agregado familiar ser considerado suficiente.
Uma visita à página da segurança social portuguesa
comprova a teoria. Basta fazer as contas. O abono atual atribuído a uma
criança com idade inferior a 12 meses (um ano) é de 140,76€, que,
dividindo por 365 dias (os tais 12 meses), dá uma média de 0,38 cêntimos
por dia. O que, convenhamos, é um valor mais do que aceitável para se
criar um filho. Mas a partir do momento em que a criança passa a
barreira dos 12 meses, o valor, que era de 140 euros (arredondados),
desce drasticamente para os 35 euros, aí permanecendo até aos 16 anos. O
que dá uma média de 0,09 cêntimos diários.
Não percebo onde é que está o problema dos portugueses
em terem filhos (ou mais do que aqueles que têm), porque com incentivos
destes ninguém precisa de anticoncecionais. Até o sexo sai prejudicado.
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