(adoro o termo demo. é do mais palerma que há)
uma menina, que podia chamar-se carolina (mas não chama), é uma menina com um atraso mental visível. a carolina lembrou-se de escrever um artigo para o jornal escolar sobre a intolerância religiosa. um título que pensei que ela estivesse a confundir com 'discriminação religiosa' mas o engano foi meu, era intolerância a palavra correcta. a carolina exprime-se como pode e, diga-se, explica-se muito bem!
a carolina escreveu apenas o título e chamou-me..
-não sei o que escrever!
-não sabes? então mas se decidiste escrever sobre esse tema, é porque em alguma coisa já tinhas pensado..
-sim. é porque eu não gosto nada da minha religião! por causa da minha religião eu não posso festejar o natal nem a páscoa. e por causa da minha religião eu não posso comer gorduras nem chouriço de sangue. não posso pendurar na parede aquelas coisas que vêm nas revistas (os posters) e não posso nunca ser famosa nem aparecer na televisão. na minha religião nem deixam as pessoas levar sangue no hospital.
há até religiões que deixam os homens casar com muitas mulheres, batem nelas se não andarem tapadas e até as podem matar à pedrada.
há religiões que até dizem às pessoas que se podem matar pela religião e que isso é uma coisa boa.
eu não gosto nada das religiões!
esta criança conhece todas as religiões que existem. vê tudo o que pode na internet e na televisão sobre o assunto. tem uma raiva naquele coração de 12 ou 13 anos que mete dó.
o desespero de criar decentemente uma criança num meio difícil pode ser tão perverso como simplesmente não querer saber. e conta a intenção? a intenção não conta para nada. o que conta são os resultados.
e provavelmente o artigo não irá para o jornal porque, no que diz respeito a religiões, a palavra de ordem é não chocar.
1 comentário:
"O melhor do mundo são as crianças."
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