domingo, 30 de setembro de 2012
De quantos ciclos se fará uma vida?
Quantas vezes podemos deitar todas as cartas ao chão para as tornar a baralhar?
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Hoje
Hoje doo por dentro. Hoje tenho saudades. Hoje cai-me em cima esse país inundado de cinzento mas que na memória só me lembra o sol no Tejo. Hoje sou pequena, minúscula, e não tenho vontade do que quer que seja. Hoje caio em mim como me caem as lágrimas e o suor. Hoje não sirvo para nada, nem quero. Hoje é só isto porque nada mais há.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Ganhei mais um canto
E centro para golo.
Perco a conta aos cantos que ganho e há dias em que não caibo em mim. Obrigada.
Perco a conta aos cantos que ganho e há dias em que não caibo em mim. Obrigada.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Com todas as letras
"Vão-se foder"
Descobri este texto de uma portuguesa de 32 anos, uma cidadã que diz o
que sente e pensa a partir da sexta-feira passada. É um texto
impressionante, que vivamente recomendo. Leiam, por favor, até ao fim.
"Vão-se foder.
Na adolescência usamos vernáculo porque é “fixe”. Depois deixamo-nos disso. Aos 32 sinto-me novamente no direito de usar vernáculo, quando realmente me apetece e neste momento apetece-me dizer: Vão-se foder!
Trabalho há 11 anos. Sempre por conta de outrém. Comecei numa micro empresa portuguesa e mudei-me para um gigante multinacional.
Acreditei, desde sempre, que fruto do meu trabalho, esforço, dedicação e também, quando necessário, resistência à frustração alcançaria os meus objectivos. E, pasme-se, foi verdade. Aos 32 anos trabalho na minha área de formação, feliz com o que faço e com um ordenado superior à média do que será o das pessoas da minha idade.
Por isso explico já, o que vou escrever tem pouco (mas tem alguma coisa) a ver comigo. Vivo bem, não sou rica. Os meus subsídios de férias e Natal servem exactamente para isso: para ir de férias e para comprar prendas de Natal. Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Mas faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar.
Vivo, com a satisfação de poder aproveitar o lado bom da vida fruto do meu trabalho e de um ordenado que batalhei para ter.
Sou uma pessoa de muitas convicções, às vezes até caio nalgumas antagónicas que nem eu sei resolver muito bem. Convivo com simpatia por IDEIAS que vão da esquerda à direita. Posso “bater palmas” ao do CDS, como posso estar no dia seguinte a fazer uma vénia a comunistas num tema diferente, mas como sou pouco dado a extremismos sempre fui votando ao centro. Mas de IDEIAS senhores, estamos todos fartos. O que nós queríamos mesmo era ACÇÕES, e sobre as acções que tenho visto só tenho uma coisa a dizer: vão-se foder. Todos. De uma ponta à outra.
Desde que este pequeno, mas maravilhoso país se descobriu de corda na garganta com dívidas para a vida nunca me insurgi. Ouvi, informei-me aqui e ali. Percebi. Nunca fui a uma manifestação. Levaram-me metade do subsídio de Natal e eu não me queixei. Perante amigos e família mais indignados fiz o papel de corno conformado: “tem que ser”, “todos temos que ajudar”, “vamos levar este país para a frente”. Cheguei a considerar que certas greves eram uma verdadeira afronta a um país que precisava era de suor e esforço. Sim, eu era assim antes de 6ª feira. Agora, hoje, só tenho uma coisa para vos dizer: Vão-se foder.
Matam-nos a esperança.
Onde é que estão os cortes na despesa? Porque é que o 1º Ministro nunca perdeu 30 minutos da sua vida, antes de um jogo de futebol, para nos vir explicar como é que anda a cortar nas gorduras do estado? O que é que vai fazer sobre funcionários de certas empresas que recebem subsídios diários por aparecerem no trabalho (vulgo subsídios de assiduidade)?… É permitido rir neste parte. Em quanto é que andou a cortar nos subsídios para fundações de carácter mais do que duvidoso, especialmente com a crise que atravessa o país? Quando é que páram de mamar grandes empresas à conta de PPP’s que até ao mais distraído do cidadão não passam despercebidas? Quando é que acaba com regalias insultosas para uma cambada de deputados, eleitos pelo povo crédulo, que vão sentar os seus reais rabos (quando lá aparecem) para vomitar demagogias em que já ninguém acredita?
Perdoem-me a chantagem emocional senhores ministros, assessores, secretários e demais personagem eleitos ou boys desta vida, mas os pneus dos vossos BMW’s davam para alimentar as crianças do nosso país (que ainda não é em África) que chegam hoje em dia à escola sem um pedaço de pão de bucho. Por isso, se o tempo é de crise, comecem a andar de opel corsa, porque eu que trabalho há 11 anos e acho que crédito é coisa de ricos, ainda não passei dessa fasquia.
E para terminar, um “par” de considerações sobre o vosso anúncio de 6ª feira.
Estou na dúvida se o fizeram por real lata ou por um desconhecimento profundo do país que governam.
Aumenta-me em mais de 60% a minha contribuição para a segurança social, não é? No meu caso isso equivale a subsídio e meio e não “a um subsído”. Esse dinheiro vai para onde que ninguém me explicou? Para a puta de uma reforma que eu nunca vou receber? Ou para pagar o salário dos administradores da CGD?
Baixam a TSU das empresas. Clap, clap, clap… Uma vénia!
Vocês, que sentam o já acima mencionado real rabo nesses gabinetes, sabem o que se passa no neste país? Mas acham que as empresas estão a crescer e desesperadas por dinheiro para criar postos de trabalho? A sério? Vão-se foder.
As pequenas empresas vão poder respirar com essa medida. E não despedir mais um ou dois.
As grandes, as dos milhões? Essas vão agarrar no relatório e contas pôr lá um proveito inesperado e distribuir mais dividendos aos accionistas. Ou no vosso mundo as empresas privadas são a Santa Casa da Misericórdia e vão já já a correr criar postos de trabalho só porque o Estado considera a actual taxa de desemprego um flagelo? Que o é.
A sério… Em que país vivem? Vão-se foder.
Mas querem o benefício da dúvida? Eu dou-vos:
1º Provem-me que os meus 7% vão para a minha reforma. Se quiserem até o guardo eu no meu PPR.
2º Criem quotas para novos postos de trabalho que as empresas vão criar com esta medida. E olhem, até vos dou esta ideia de graça: as empresas que não cumprirem tem que devolver os mais de 5% que vai poupar. Vai ser uma belo negócio para o Estado… Digo-vos eu que estou no mundo real de onde vocês parecem, infelizmente, tão longe.
Termino dizendo que me sinto pela primeira vez profundamente triste. Por isso vos digo que até a mim, resistente, realista, lutadora, compreensiva… Até a mim me mataram a esperança.
Talvez me vá embora. Talvez pondere com imensa pena e uma enorme dor no coração deixar para trás o país onde tanto gosto de viver, o trabalho que tanto gosto de fazer, a família que amo, os amigos que me acompanham, onde pensava brevemente ter filhos, mas olhem… Contas feitas, aqui neste t2 onde vivemos, levaram-nos o dinheiro de um infantário.
Talvez vá. E levo comigo os meus impostos e uma pena imensa por quem tem que cá ficar.
Por isso, do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder"
"Vão-se foder.
Na adolescência usamos vernáculo porque é “fixe”. Depois deixamo-nos disso. Aos 32 sinto-me novamente no direito de usar vernáculo, quando realmente me apetece e neste momento apetece-me dizer: Vão-se foder!
Trabalho há 11 anos. Sempre por conta de outrém. Comecei numa micro empresa portuguesa e mudei-me para um gigante multinacional.
Acreditei, desde sempre, que fruto do meu trabalho, esforço, dedicação e também, quando necessário, resistência à frustração alcançaria os meus objectivos. E, pasme-se, foi verdade. Aos 32 anos trabalho na minha área de formação, feliz com o que faço e com um ordenado superior à média do que será o das pessoas da minha idade.
Por isso explico já, o que vou escrever tem pouco (mas tem alguma coisa) a ver comigo. Vivo bem, não sou rica. Os meus subsídios de férias e Natal servem exactamente para isso: para ir de férias e para comprar prendas de Natal. Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Mas faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar.
Vivo, com a satisfação de poder aproveitar o lado bom da vida fruto do meu trabalho e de um ordenado que batalhei para ter.
Sou uma pessoa de muitas convicções, às vezes até caio nalgumas antagónicas que nem eu sei resolver muito bem. Convivo com simpatia por IDEIAS que vão da esquerda à direita. Posso “bater palmas” ao do CDS, como posso estar no dia seguinte a fazer uma vénia a comunistas num tema diferente, mas como sou pouco dado a extremismos sempre fui votando ao centro. Mas de IDEIAS senhores, estamos todos fartos. O que nós queríamos mesmo era ACÇÕES, e sobre as acções que tenho visto só tenho uma coisa a dizer: vão-se foder. Todos. De uma ponta à outra.
Desde que este pequeno, mas maravilhoso país se descobriu de corda na garganta com dívidas para a vida nunca me insurgi. Ouvi, informei-me aqui e ali. Percebi. Nunca fui a uma manifestação. Levaram-me metade do subsídio de Natal e eu não me queixei. Perante amigos e família mais indignados fiz o papel de corno conformado: “tem que ser”, “todos temos que ajudar”, “vamos levar este país para a frente”. Cheguei a considerar que certas greves eram uma verdadeira afronta a um país que precisava era de suor e esforço. Sim, eu era assim antes de 6ª feira. Agora, hoje, só tenho uma coisa para vos dizer: Vão-se foder.
Matam-nos a esperança.
Onde é que estão os cortes na despesa? Porque é que o 1º Ministro nunca perdeu 30 minutos da sua vida, antes de um jogo de futebol, para nos vir explicar como é que anda a cortar nas gorduras do estado? O que é que vai fazer sobre funcionários de certas empresas que recebem subsídios diários por aparecerem no trabalho (vulgo subsídios de assiduidade)?… É permitido rir neste parte. Em quanto é que andou a cortar nos subsídios para fundações de carácter mais do que duvidoso, especialmente com a crise que atravessa o país? Quando é que páram de mamar grandes empresas à conta de PPP’s que até ao mais distraído do cidadão não passam despercebidas? Quando é que acaba com regalias insultosas para uma cambada de deputados, eleitos pelo povo crédulo, que vão sentar os seus reais rabos (quando lá aparecem) para vomitar demagogias em que já ninguém acredita?
Perdoem-me a chantagem emocional senhores ministros, assessores, secretários e demais personagem eleitos ou boys desta vida, mas os pneus dos vossos BMW’s davam para alimentar as crianças do nosso país (que ainda não é em África) que chegam hoje em dia à escola sem um pedaço de pão de bucho. Por isso, se o tempo é de crise, comecem a andar de opel corsa, porque eu que trabalho há 11 anos e acho que crédito é coisa de ricos, ainda não passei dessa fasquia.
E para terminar, um “par” de considerações sobre o vosso anúncio de 6ª feira.
Estou na dúvida se o fizeram por real lata ou por um desconhecimento profundo do país que governam.
Aumenta-me em mais de 60% a minha contribuição para a segurança social, não é? No meu caso isso equivale a subsídio e meio e não “a um subsído”. Esse dinheiro vai para onde que ninguém me explicou? Para a puta de uma reforma que eu nunca vou receber? Ou para pagar o salário dos administradores da CGD?
Baixam a TSU das empresas. Clap, clap, clap… Uma vénia!
Vocês, que sentam o já acima mencionado real rabo nesses gabinetes, sabem o que se passa no neste país? Mas acham que as empresas estão a crescer e desesperadas por dinheiro para criar postos de trabalho? A sério? Vão-se foder.
As pequenas empresas vão poder respirar com essa medida. E não despedir mais um ou dois.
As grandes, as dos milhões? Essas vão agarrar no relatório e contas pôr lá um proveito inesperado e distribuir mais dividendos aos accionistas. Ou no vosso mundo as empresas privadas são a Santa Casa da Misericórdia e vão já já a correr criar postos de trabalho só porque o Estado considera a actual taxa de desemprego um flagelo? Que o é.
A sério… Em que país vivem? Vão-se foder.
Mas querem o benefício da dúvida? Eu dou-vos:
1º Provem-me que os meus 7% vão para a minha reforma. Se quiserem até o guardo eu no meu PPR.
2º Criem quotas para novos postos de trabalho que as empresas vão criar com esta medida. E olhem, até vos dou esta ideia de graça: as empresas que não cumprirem tem que devolver os mais de 5% que vai poupar. Vai ser uma belo negócio para o Estado… Digo-vos eu que estou no mundo real de onde vocês parecem, infelizmente, tão longe.
Termino dizendo que me sinto pela primeira vez profundamente triste. Por isso vos digo que até a mim, resistente, realista, lutadora, compreensiva… Até a mim me mataram a esperança.
Talvez me vá embora. Talvez pondere com imensa pena e uma enorme dor no coração deixar para trás o país onde tanto gosto de viver, o trabalho que tanto gosto de fazer, a família que amo, os amigos que me acompanham, onde pensava brevemente ter filhos, mas olhem… Contas feitas, aqui neste t2 onde vivemos, levaram-nos o dinheiro de um infantário.
Talvez vá. E levo comigo os meus impostos e uma pena imensa por quem tem que cá ficar.
Por isso, do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder"
domingo, 9 de setembro de 2012
Dia 115
(Dia 115 e acabam-se as fotos diárias e provavelmente o blog paralelo, que era a razão de não conseguir chegar a todas as aldeias.)
Para além das datas de aniversários que nos começam a encher a agenda, parece que a vida se vai encarregando de a ajudar a encher também. Já passaram quatro anos da minha ida para Londres e quase quase cinco que deixei de fumar. E apertam-se ainda datas de outros sítios onde estive, de gente que conheci, de cheiros, de sorrisos, de dores, de lágrimas e de tantas outras coisas que consigo enfiar nas míseras vinte e quatro horas que têm os meus dias.
Cento e quinze dias depois sinto-me mais que em casa, acompanhada e prontinha para assentar arraiais. A ver vamos quanto dura esta estadia, a ver vamos o que o universo tem por aí a pairar.
E parece que fiz mesmo as pazes com o tango. 'It takes two baby, it takes two!'
Para além das datas de aniversários que nos começam a encher a agenda, parece que a vida se vai encarregando de a ajudar a encher também. Já passaram quatro anos da minha ida para Londres e quase quase cinco que deixei de fumar. E apertam-se ainda datas de outros sítios onde estive, de gente que conheci, de cheiros, de sorrisos, de dores, de lágrimas e de tantas outras coisas que consigo enfiar nas míseras vinte e quatro horas que têm os meus dias.
Cento e quinze dias depois sinto-me mais que em casa, acompanhada e prontinha para assentar arraiais. A ver vamos quanto dura esta estadia, a ver vamos o que o universo tem por aí a pairar.
E parece que fiz mesmo as pazes com o tango. 'It takes two baby, it takes two!'
sábado, 8 de setembro de 2012
Dia 114
Sonhei contigo. Estavas com uma boina vermelha e um cachecol condizente com que nunca te vi. Estavas bonito, velho e cansado, mas sorriste quando olhaste para mim.
Os dias difíceis, para além de lágrimas, têm-me trazido alguma paz de espírito na hipótese de te perder que nunca tinha encontrado. Mas para que conste, quero muito voltar a ver-te, se puder ser.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Dia 113
Toda a gente que me conhece sabe que, entre outras coisas, quando defendo uma causa sou bruta e perco por vezes as estribeiras à medida que se me exalta a veia do pescoço.
Não sei se por estar mais velha, ou mais calma, ou numa realidade diferente em que a vida tem outro valor, estranho a violência com que por vezes se apregoa paz.
Sou contra as touradas desde que me lembro de ser gente e apesar da atrocidade a que todo o assunto me cheira, não me é indiferente o facto de ver escarrapachadas no facebook frases que respondem ao maltrato de animais com maltratos das mães dos toureiros e ameaças diversas. Eu também acho que é uma actividade irracional e parva, como a caça. O prazer de matar ou torturar, por muito tradicional e intrínseco que seja, não se desvia da morte, nem da tortura. Mas não teremos que manter os limites em cima da mesa? 'Vai espetar a tua mãe'? A sério que é isto que se quer exprimir? A mim basta-me que parem com as touradas, dispenso a parte de espetarem o que quer que seja, seja em quem for.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Dia 112
As primas. Porque não existem coincidências. E porque existem coisas assim, desde o primeiro minuto.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Dia 110
Nunca estive tempo tempo sem ir a casa. Cento e dez dias depois continuo contente ao pé dos pretinhos, como todas as semanas me pergunta a Alexandrina, e continuo com uma vontade monstra de ficar. Aqui tenho um pé nas crianças, outro nas viagens, uma mão estendida e outra a segurar-me à vida. um olho no mar e outro na quantidade de gente que tenho conhecido. Sobretudo tenho o coração cheio.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
sábado, 1 de setembro de 2012
Dia 107
Assim à português, é pedirem-nos 2400 rands no melhor hotel da Swazilandia, propormos 700 e fecharmos por 750. De seguida ir ao quarto a correr trocar o traje e enfiar os costados no jacuzzi exterior (acabei de aprender que costados significa também cada um dos quatro avós) que já estava fechado há cinco minutos. Pelo meio comemos muito bem num restaurante que não me lembro o nome. Tão bem que almoçámos e jantámos lá no mesmo dia. E pronto, foi assim o fim-de-semana do rei.
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